Agenda do Movimento

25 abril 2008

Juventude Conectada em Redes

Por Eric Maciel (CJ-MG)

Para início de conversa, o que seria uma rede, palavra presente constantemente em nossas leituras? E nada melhor que uma definição oriunda de uma rede, a Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), define o tema como “sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e participativa, em torno de objetivos e/ou temáticas comuns”.

As redes surgiram no Brasil nos anos 60 em função de articulações dos atores políticos democráticos para combater a ditadura. Porém, a articulação em rede assumiu uma nova dimensão no final dos anos 80 e início dos anos 90 com o pioneirismo da comunicação através dos computadores. Em 1991, surgiram duas articulações importantes: a Associação Brasileira de ONGs – Abong; e a Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Em 1992, foram articuladas várias redes, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) – RIO 92, com destaque para a Rede Brasileira de Educação Ambiental – REBEA.

Tipos de redes

As redes, de um modo geral, a partir dos seus propósitos e fator de aglutinação podem ser divididas em duas grandes categorias: temáticas e territoriais. Na primeira, o tema é a justificativa da sua criação e o foco dos integrantes (meio ambiente, educação ambiental, juventude, agenda 21, etc.) sendo, hoje, a categoria mais comum na sociedade civil. Já a segunda tem como fator de aglutinação dos atores um determinado território (Estados, Municípios, Bairros, etc.). Porém, podemos encontrar redes com as duas características. O Coletivo Jovem de Meio Ambiente de MG é um exemplo dessa situação, onde a juventude mineira debate políticas públicas de juventude para melhoria do meio ambiente.

Existe ainda a classificação das redes quanto à ação que elas se propõem: redes de trocas de informações e redes operativas. As primeiras são comuns no meio das produções científicas e assumem espaços de veiculação de notícias e intercâmbio de conhecimento através das tecnologias de comunicação. As operativas, maioria das redes da sociedade civil brasileiras, além de funcionarem para a troca de informações, desenvolvem pesquisas e estudos; acompanham e interferem na formulação e aplicação de políticas públicas; fazem campanhas públicas de sensibilização, mobilização e esclarecimento; estabelecem e conduzem processos políticos; prestam serviços; captam e distribuem recursos; atuam em defesa de direitos sociais e causas coletivas e, em certos casos, atuam na produção, regulação socioeconômica e na circulação/troca de bens e serviços, como é o caso as redes de socioeconomia solidária.

As redes solidárias merecem bastante atenção, devido ao seu foco na geração de trabalho e renda, e, principalmente, pela preocupação dos integrantes em estabelecer processos que valorizem e protejam o meio ambiente. É composta por consumidores, produtores e prestadores de serviços onde todos realizam o consumo solidário: a produção, a circulação e a comercialização dos produtos e serviços são feitas dentro da rede com a intenção de garantir trabalho e renda para todos.

Construção de redes

O processo de construção é composto por vários passos de acordo com a profundidade proposta pela a organização. O primeiro é a formação do grupo de atores através da afinidade política e de princípios. O segundo é a definição do objetivo, momento de extrema importância, pois influenciará no processo de tomada de decisões e no desenvolvimento do projeto.

A WWF - Brasil indica algumas perguntas norteadoras para o processo de constituição de uma rede, como vemos abaixo:
  1. Quais os objetivos da rede?
  2. Quais as áreas de atuação da rede?
  3. A quem interessa a rede?
  4. Quem se beneficiará com o trabalho da rede?
  5. Quem são (e porque) os potenciais integrantes da rede?
  6. O que a rede pretende fazer?
Podemos ainda encontrar em algumas redes outros passos, como a elaboração de uma Carta de Princípios, que irá orientar os processos de decisão democráticos a fim de atingir os objetivos definidos, o Termo de Adesão, com o propósito de fortalecer os vínculos de participação.

Juventude e redes

A juventude vendo a real possibilidade de se organizar em esfera nacional, e com todo o dinamismo que a eles competem, iniciou o processo de articulação de redes para trocas de idéias, informações e conhecimentos visando alcançar seus ideais.

Hoje já temos várias redes de juventude, organizadas e de fácil acesso. Entre elas podemos citar a Rede Juventude Cidadã, a Rede Nacional de Juventude (RENAJU), os Coletivos Jovens de Meio Ambiente que possuem organização em todas as instâncias territoriais, além de várias outras.

Existe uma Rede, também de juventude, que devemos ressaltar sua grande importância, a Rede de Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA). Criada em setembro de 2003, durante o I Encontro da Juventude pelo Meio Ambiente em Luziânia, já possui mais de 200 jovens cadastrados de todo o território nacional, “e tem como fundamental objetivo fortalecer as ações locais e nacionais dos jovens empenhados na construção de sociedades sustentáveis, através da troca de experiências e da cooperação”.

A última novidade da REJUMA é a I Conferência Livre de Políticas Públicas de Juventude, onde vários temas serão abordados (família, drogas, educação, meio ambiente, cultura, articipação política, diversidade e outros) e os jovens terão a possibilidade de levantarem os problemas mais relevantes de suas regiões e então apontar possíveis soluções. Estas informações serão tabuladas e encaminhadas para a I Conferência Nacional de Juventude. Nesse evento também existe a proposta de se elaborar a Agenda 21 da REJUMA. Outra excelente atuação da rede é no fortalecimento e proliferação das Agendas 21 Escolares e a formação das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA).

E por falar em Agenda 21, o tema também possui as suas organizações: Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, Rede Agenda 21, Rede Estadual de Agendas 21 e muitas outras, onde o foco é a capilarização dos processos, a troca de idéias e metodologias, as experiências positivas e negativas, dentre outros.

Você já está conectado em alguma rede? Faça parte e contribua para o desenvolvimento planetário, de forma democrática!


Referências Bibliográficas:

• MANCE, Euclides André (Org.). Como organizar redes solidárias. Rio de Janeiro: DP&A,
Fase, IFiL, 2003;


• WWF - Brasil. Redes: Uma Introdução às dinâmicas de conectividade e da auto-organização.
Brasília. Edição 1, 2003;


• Site, www.rejuma.org.br, acessado em 26/02/2008 às 23:53 horas;

• Site, www.rits.org.br, acessado em 28/02/2008 às 10:05 horas.

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