Agenda do Movimento

11 maio 2009

ARTE E SUSTENTABILIDADE

por Natália Tolentino / Distrito Federal
(da Revista Agenda 21 & Juventude, maio de 2008).

Nos últimos anos, o tema meio ambiente passou a ser foco central. Esse tema tem interfaces com todas as áreas do conhecimento e não tem a ver apenas com as disciplinas como biologia, economia ou ecologia, mas tem a ver principalmente com a relação que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.

Hoje muito se ouve falar em “Desenvolvimento Sustentável” e estamos um momento de grande preocupação com o planeta e sua sustentabilidade e não nos conta que a sustentabilidade está mais voltada para garantir a continuidade da nossa espécie e da vida na Terra é hoje.

A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro, e por esse motivo é inadiável e urgente que novos valores e comportamentos sejam incorporados para construirmos sociedades que sejam sustentáveis. A preocupação perpassa desde as grandes empresas multinacionais até a pequena padaria da esquina, incluindo pessoas comuns, jovens como eu e você. Pessoas de todas as nacionalidades têm feito apelos mundo afora, inconformadas com a inércia dos governos de muitos países em relação ao assunto.

Devemos incluir nessa lista os artistas que por anos a fio vem tentando chamar atenção para esse problema emblemático. O artista, ao produzir suas obras, está sempre impelido por alguma força que faz dele, permanentemente, um espírito irrequieto, inconformado e insatisfeito. Ele está constantemente atento e conectado a contingências do meio e a suas influencia.

A Arte por sua vez, sensibiliza o homem, mesmo que ele não a compreenda imediatamente, ela é um instrumento poderoso, que pode ser utilizado Distrito Federal para levar conhecimento e trazer soluções para diversos problemas sociais e ambientais. O teatro, por ter um contato muito próximo com o público facilita o diálogo, sendo que uma das suas funções é fazer o indivíduo refletir, pensar e mudar; por meio de suas mensagens, ele pode levar a compreensão crítica do seu papel na sociedade.

A arte cênica pode ser um divisor de águas quando nos orienta no sentido da responsabilidade que temos em relação ao desenvolvimento sustetável, podendo ser debatida de diversas formas, atingindo crianças, que são seres em desenvolvimento, e adultos, que podem mudar seus velhos hábitos. Muitas vezes, esquecemos que preservar o meio ambiente é também preservar a nossa espécie e muitas outras formas de vidas que estão entrando em extinção graças às nossas atitudes errôneas e irresponsáveis.

Nas artes plásticas, nomes de brasileiros conhecidos como Emmanuel Nassar e sua poesia da gambiarra, Frans Krajcberg (um artista cuja residência é uma árvore, sonho de muitos meninos!), com suas esculturas de árvores mortas, Eduardo Srur, com suas intervenções urbanas, como os caiaques colocados em 2006 no Rio Pinheiros em São Paulo, são apenas alguns nomes entre o de muitos artistas que se preocupam com a conservação e a preservação do planeta e do ser humano; todos demonstram esse sentimento por maio da arte.

Suas obras são um alerta para a nossa realidade. No entanto, não apenas artistas famosos fazem da preocupação com a sustentabilidade sua prioridade. Um centro de produções culturais na cidade-satélite de Taguatinga, Distrito Federal, a 21 km de Brasília, mantém uma escola de artes que se apropria do reaproveitamento de materiais recicláveis para produzir Arte. Chamado Centro Cultural Invenção Brasileira, o local ensina música, dança, literatura e a fabricação de objetos de arte com diferentes tipos de materiais. Dentro desse Centro Cultural, fica a Tempo Eco Arte, que é uma escola de ofício onde há mais de oito anos se pesquisa e se faz arte a partir da reutilização de resíduos sólidos.

A especialidade é a técnica de transformar papelão e sacos de cimento usados em objetos, móveis e peças artísticas e utilitárias. A principal idéia é sensibilizar e conscientizar os alunos e a comunidade da importância do reaproveitamento do lixo; além disso, os alunos trabalham produzindo Arte, gerando sua própria renda.

Assim como o exemplo do Tempo Eco Arte, os empreendimentos humanos sustentáveis devem ser: ecologicamente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e culturalmente aceitos.

Além de transformar nossa postura no dia-a-dia: economizando água, energia, separando o lixo, não jogando lixo nas ruas, andando mais de transporte público para desobstruir o trânsito, diminuir a poluição. Podemos também discutir sobre o consumo, os tipos de indústrias, os combustíveis que podem ser mais ofensivos à atmosfera, nosso modelo de desenvolvimento; participar de projetos limpos, e assim contribuir para construção de um mundo melhor e para real melhoria da qualidade de vida.

Qualidade de vida não é só o conforto que a tecnologia nos trás, é mais do que isso: qualidade de vida é saúde, é justiça social, é justiça econômica, é meio ambiente saudável, é vida. Por meio dos exemplos citados aqui, foi possível perceber a importância da arte em parceria com a sustentabilidade do planeta.

De acordo com a Doutora em Arte-Educação Ana Mae Barbosa (2003), por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade e ampliar a criatividade de maneira a transformar seu meio ambiente. A Arte visa principalmente sensibilizar o homem, fazer com que ele pense, questione, realize descobertas.

Esta reflexão é apenas o começo de uma longa caminhada que depende especialmente de nós, jovens, para defendermos o meio ambiente tanto quanto o direito à vida. A Agenda 21 está fazendo a sua parte, e nós estamos fazendo a nossa?

Conscientize-se e passe adiante esta mensagem!

Um comentário:

  1. Acredito na transformação socio-ambiental através de vários meios. Um deles, e que é muito eficiente é a Arte!

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