Agenda do Movimento

20 maio 2008

As conferências de juventude como ferramenta de intervenção socioambiental no Brasil

Por Jorge Augusto Almada Justino

A I e a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA) realizadas em 2003 e 2005, são, sim, ferramentas de intervenção socioambientais para a juventude brasileira.

Digo isso com a propriedade de quem foi delegado da I CNIJMA e participou na organização da II CNIJMA, e continua trabalhando para a realização da terceira.

Esta história se inicia no final do ano de 2005, quando um jovem garoto de Goiânia foi um dos 14 escolhidos para representar o Estado de Goiás na I Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que aconteceria em Brasília.

Para culminar na ida a Brasília, esse jovem precisou produzir, com sua turma, um trabalho escolar que representasse a visão dos alunos sobre a realidade e esperança que ainda tinham em relação à questão ambiental no Brasil.

Com grande apoio da direção escolar, que mobilizou os alunos para a I CNIJMA, os estudantes se organizaram e produziram vários trabalhos sobre as temáticas indicadas. Logo depois, reuniram-se e democraticamente escolheram o trabalho e o delegado que iria representar a escola.

O trabalho foi enviado para a COE (Comissão Organizadora Estadual da I CNIJMA), que era a responsável por receber os trabalhos de todas as escolas participantes do processo da I CNIJMA e escolher os delegados que iriam representar o estado. Um tempo depois, fomos comunicados pela COE de que a nossa escola era uma das 14 escolhidas para representar o estado de Goiás.

Para esse jovem, ir para a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente representando seu estado fez com que ele se abrisse à questão ambiental brasileira, assunto que, até então, não lhe despertava muita atenção. Para ele, aquilo tudo era um novo mundo que se abria, cheio de maravilhas naturais, matas, animais – foi então que se deu conta que essa área que lhe interessava, era o que queria para a sua vida.

A Conferência acabou e ele voltou pra casa, para a sua escola e para sua vida normal. Mas voltou para casa com uma semente plantada, a semente de Cuidar do Brasil. Logo depois, conseguiu um estágio no IBAMA, o que lhe deu a oportunidade de continuar cuidando do Brasil.

Rapidamente foi apresentado à Educação Ambiental, e percebeu, então, que era aquele o caminho para que se alcançasse o objetivo de todos os ambientalistas do mundo: que todos os homens conheçam e respeitem o meio em que vivem.

Foi quando ele recebeu um convite para participar daquele que na ocasião era denominado Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás, que passava por um momento de rearticulação. Essa era a sua chance de realmente realizar um trabalho que fizesse a diferença; Um trabalho a ser dividido com outros jovens que também compartilhavam com ele o mesmo sonho, de sensibilizar pela educação ambiental o maior número possível de pessoas, dando um foco maior na juventude, público do qual faziam parte e, conseqüentemente, ao qual teriam mais fácil acesso.

O Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás, ou simplesmente CJ-Goiás, havia se desarticulado com o fim do processo de organização da I Conferência. Caíram no vazio de não ter mais motivos para se reunir, era a Conferência que os mantinha trabalhando unidos. Com isso, o CJ ficou meio “enferrujado”; assim como uma máquina parada, que ficou sem uso, acaba enferrujando. Mas felizmente alguns membros do CJ-Goiás resolveram rearticular o grupo, fazer com que ele voltasse a funcionar, pois não dava pra se perder pessoas jovens, interessadas em fazer a diferença, por falta de oportunidade de trabalho.

Porém, a maioria dos antigos membros do CJ-Goiás não quiseram trazê-lo de volta à ativa, não deram muita importância ao grupo. Então, aqueles que desejavam resolveram dar uma cara nova para o movimento, chamando novos jovens para se integrar ao grupo.

A partir de meados de 2006, o Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás começou a reunir mais jovens para lutar em prol da causa ambiental, e não mais apenas deliberar quem seriam os representantes do estado para participar das CNIJMAs. Por isso, deixou de ser Conselho Jovem e passou a se chamar Coletivo Jovem, ainda sendo conhecido por CJ-Goiás, juntamente com os outros Coletivos Jovens do País, também CJs.

A partir daí o CJ-Goiás deflagrou um processo de disseminação da Educação Ambiental pelo estado por meio da criação de novos Coletivos Jovens, nos municípios do interior. Seguindo o princípio Jovem Educa Jovem, o CJ-Goiás formou 25 CJs Locais pelo interior de Goiás, muitos desses graças a processos de mobilização para a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, usando desses momentos para despertar em mais jovens o sentimento de fazer algo para mudar a situação ambiental no local onde vivem, trabalhando no local, pensando no global.

Para a realização da II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, os Coletivos Jovens foram convidados a participar da organização delas, atuando como facilitadores das discussões dos jovens que vieram representar seus estados. Esses jovens tomaram como exemplo de organização a social juvenil, percebendo que ali também poderiam contribuir para um “mundo diferente” onde as pessoas respeitam não só as matas e os animais, mas respeitem umas às outras, o espaço em que vivem, a vida em todas as suas formas.

Essa história veio ilustrar como as Conferências podem ajudar os jovens a se encontrarem com eles mesmos, dando oportunidade de voz aos delegados junto ao Presidente da República, empoderando-os com ferramentas com as quais eles poderão disseminar as idéias e questões sobre o meio ambiente a outros jovens nas suas localidades.

Eu, Jorge Augusto, delegado do estado de Goiás, membro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás, faço parte dessa histórica que está somente começando. Sei que ainda haverá outras centenas de jovens garotos, como eu, que só precisam de uma oportunidade para realmente saber o que vão fazer na sua vida, como vão poder despertar em outros jovens garotos o sentimento de que temos que fazer algo pelo lugar onde moramos, nosso planeta, pela nossa vida nesse planeta.

Hoje meu desejo é agradecer às pessoas que organizaram as duas CNIJMA, que se preocuparam em criar espaços como esses, que certamente contribuem para a sensibilização e a formação de jovens pelo Brasil. E meu desejo é que essas pessoas sigam na realização de tais esforços, fazendo com que a Educação Ambiental chegue àqueles que ainda não a conhecem e estimulando a vontade de fazer a diferença e mudar o mundo.

* Artigo da 2ª Edicação da Revista "Agenda 21 e Juventude" do Programa Agenda 21 do Ministério do Meio Ambiente - MMA. Disponível para baixar na lateral direita do Blog do CJ-GO.

2 comentários:

  1. Sensibilizador e muito bem escrito artigo. Mais que falar de uma educação ambiental abstrata, trata da concretização da mesma, pois traz a certeza que o "papo" de sensibilização não é discurso de "ecologeiros" e sim, instrumento forte e poderoso na mudança de comportamentos.

    Parabéns Jorge.

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  2. Aêh!!! Parabéns Jorge,

    é um relato incrível, onde senti também transcrever-se a minha estória no CJ, fora.. ser delegado de gyn, organizar a Conferência e tal...

    Mas.. é impressionante mesmo a persuasão contida no seu artigo. Tenha certeza de que ficou bem claro e concreto.

    Mais uma vez, Parabéns!!
    Abraços.

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